Escolhas do novo ambiente
Em meu último post, eu estava decidido a mudar de ambiente, saindo do Windows e indo pro Linux. Com um pouco de pesquisa aqui e testes ali, quero compartilhar algumas coisas que fiz nesses últimos meses, com testes fáceis e outros com cargas violentas de trabalho.
Distro
A primeira etapa foi escolher qual seria a distro a ser utilizada. Nesse ponto, eu realmente fiquei com algumas dúvidas, já que há uma enormidade de opções, com vantagens e desvantagens em cada uma.
Até 2018 (ou 2019, não me lembro ao certo agora), eu tinha um notebook da Itautec, com configurações muito fracas para Windows, mas que consegui estabilizar e me virar bem com Fedora, até que queimei a placa-mãe dele tentando fazer uma gambiarra elétrica.
Usar o Fedora naquele momento foi uma experiência bacana. Quebrei o sistema algumas vezes e tive que aprender a recuperar em todas elas. Apesar do sistema bacana e incrível, com várias novas funcionalidades nas versões mais recentes, pesava contra ele uma coisa: tutoriais.
Como desenvolvedor, eu leio muitos artigos e acabo baixando muitas coisas no dia a dia para instalar na minha máquina. Houve uma vez que participei de um meetup de análise de dados e tive problemas em conseguir acompanhar porque todos os tutoriais utilizados se baseavam em programas para Windows, Mac ou Linux baseados no Debian/Ubuntu. Foi péssimo ter que descobrir quais pacotes tinham outros nomes quando o que eu queria era, apenas, entender o conteúdo em si, não descobrir a infraestrutura necessária para participar.
Logo, por questões de preguiça e facilidade, decidi que queria uma distro baseada em Debian ou Ubuntu. Não sou o próximo grande hacker, então não preciso e nem quero saber como compilar cada módulo do sistema (eu estou olhando pra você, Arch).
DistroChooser
Comecei minha caçada por esse site. Com uma série de perguntas sobre o que você deseja em um sistema operacional, ao final ele mostra uma lista de possíveis candidatos a serem sua nova distribuição Linux.

Com essa lista bem grande de distros, com seus prós e contras (baseado nas minhas respostas) em mãos, iniciei uma segunda peregrinação: entender como eram cada uma das criações para, enfim, escolher uma.
Para você não precisar entrar lá, aqui tem a lista:
- openSUSE
- Linux Mint
- Zorin OS *
- elementary OS *
- Pop!_OS *
- Deepin *
- Ubuntu
- Xubuntu
- Ubuntu MATE
- Kubuntu
- Lubuntu
- Debian
- Devuan
- Rocky Linux
- Knoppix
- Solus
- Manjaro
- PCLinuxOS
- Fedora
- Red Hat Enterprise Linux
- NixOS
- MX Linux
- Void Linux
- Artix
- Arch
- Gentoo
- Crux Linux
- qube OS
- Tails
Observe que há 4 que eu marquei em negrito e com um asterisco. Eles foram escolhidos para uma análise mais profunda.
Análises e reviews
Aqui foi uma fase chata, confesso. Entrar em sites, ler reviews, assistir análises e testes, comparativos...
O Deepin analisei mais por causa da beleza. Afinal, não queria apenas funcionalidade, mas estética também. Mas ao saber que quebrava muitas vezes, me bateu um desânimo e pulei.
Elementary OS, sinceramente, não me lembro o que me fez não curtir a ideia do projeto.
Cheguei, então, aos 2 candidatos mais fortes: Pop!_OS (pra economizar, vou chamar agora só de Pop) e o Zorin.
Os dois possuem coisas que eu estava buscando para fazer meus testes e escolha:
- Bela interface
- Sistema estável
- Baseado na última versão LTS do Ubuntu (sistema que é baseado no Debian)
- Desenvolvimento ativo
- Comunidade ativa ao redor do sistema
Após alguns vídeos no YouTube, decidi molhar os pés nas águas do Pinguim: hora de testar compatibilidade de hardware e como ele se comportaria numa máquina real, ainda que sem a instalação final.
Hardware periférico
Embora pareça algo pequeno, é importante lembrar que há dispositivos que podem não ter compatibilidade com diversos sistemas porque a fabricante decidiu suportar apenas algum sistema em específico (em geral, o Windows) ou porque a comunidade ainda não teve tempo de se debruçar sobre o gadget para dar suporte a ele.
Assim, eu tinha alguns testes a fazer para garantir que a distro suportaria tudo que eu tenho aqui.
Eis meu setup:
Além disso, ficou a dúvida se o próprio notebook teria algum dispositivo que me causaria dor de cabeça. Aparentemente, apenas os gestos do touchpad, com todo o restante, incluindo o suporte do HDMI, funcionando sem nenhuma ocorrência a mais.
Todos os periféricos foram devidamente reconhecidos pela versão Live das distros, o que me deu muita segurança de que a versão instalada também seria tranquila.
Agora seria hora de planejar a migração em nível prático: backups, divisão de disco, datas e programas.
Planejamento
Divisão dos discos
Pela experiência prévia com o Fedora (que tentei migrar pra Debian com muita dificuldade), não queria deixar o instalador de qualquer distro decidir por mim como seria a proporção do disco.
Como mencionando no artigo anterior, eu tenho um SSD de 480 GB, numa máquina com 12 GB de memória RAM, além de um HD de 1 TB.
Então, minha tabela foi se desenhando assim:
Partição | Tamanho | Sistema de Arquivos |
---|---|---|
/boot | 2 GB | ext4 |
/home | 155 GB | ext4 |
/boot/efi | 1 GB | FAT32 |
/home | 300 GB | ext4 |
SWAP | 22 GB | SWAP |
Total | 480 GB |
O disco de 1 TB ainda não decidi muito bem.
Como decidi esses números? Bem, pesquisando muito sobre proporções ideais e quanto mais ou menos os programas que eu usaria iriam gastar. Coloquei uma "gordura" nos números, depois de tirar o tamanho do dobro da minha RAM para o SWAP, cheguei àquela tabela ali em cima.
Bora fazer backup.
Backup
Desde que perdi informações importantes sobre minha vó (história que eu contei no meu blog pessoal), tenho sido uma pessoa paranoica com cópias de redundância. Sério.
Existem cópias das cópias, além das cópias de originais. Como o momento exigia que eu mudasse de sistema, decidi verificar e apagar o que não seria mais usado. A limpeza rendeu mais de 50 GB de espaço pra mim. Decidi, também, não levar a pasta de Downloads do Windows pro Linux.
Minha estratégia foi bem simples (e arriscada, olhando em retrospecto): salvaria os arquivos num HD usando a Dock Station (a mesma daquela foto ali de cima) e, quando a instalação no novo sistema fosse concluída, eu traria os dados de volta.
Além de documentos e preparativos de processos judiciais (oi Digital House, rs), havia também vários projetos. E neles, pastas como a node_modules
, nos projetos Node e React, e vendor
, nos projetos PHP. Os arquivos de lock me garantem segurança total das versões baixadas, portanto, essas pastas puderam ser apagadas sem dó nem piedade. Menos 2 GB (e milhares de arquivos/pastas) para transferir.
Programas
Minha janela de migração seria curtíssima. Então, eu teria que aproveitar e economizar cada segundo que eu pudesse.
Usando como base esse vídeo do canal Diolinux, montei um script para baixar e instalar quase tudo de forma automática.
Com o uso de tecnologias além do gerenciador de pacotes padrão do sistema (em geral para Debian-based, é o APT), temos o Flatpak e Snap. Bem, pra minha tranquilidade, ambos os sistemas fornecem suporte aos 3 métodos. Logo, tudo poderia ser facilmente instalado via script. E a lista é longa!
Flameshot, Steam, Docker, Zsh, Oh My Zsh, Microsoft Edge, Discord, VS Code... Passei algumas boas horas configurando e pesquisando onde encontrar cada software, pra garantir que tudo seria rápido e o menos traumático possível.
Lembrei há pouco tempo, apenas de fazer o commit desse arquivo e dos de suporte. O meu script, baseado no do Diolinux, pode ser encontrado abaixo.
Janela de migração
Entre eu ter decidido mudar e mudar de fato, haveria pouco tempo livre. Logo, eu estaria dando aulas com uma nova turma, então minha máquina precisava estar pronta de qualquer jeito, nem que pra isso fosse necessário retornar ao Windows (uma solução não descartada à época, mas que era minha opção nuclear).
Entre o artigo anunciando minha decisão e esta nova turma de alunos, eu teria, então, 1 semana (um final de semana, para ser mais exato).
Conclusão
A migração foi um sucesso, todos os programas foram rapidamente instalados e, entre início da instalação do Linux e a máquina estar pronta de fato, passaram-se apenas 2h30m, um recorde para quem demorava até um dia inteiro baixando e instalando ferramentas para poder trabalhar.
Bem, perceberam que eu não falei qual distro que eu escolhi? Isso é porque eu tive problemas um tempo depois e algumas coisas começaram a me irritar, o que me fez reinstalar tudo de raiva. Mas isso eu conto no próximo post, esse aqui já está demasiadamente longo.