Pintura do Tux sorrindo e segurando um notebook com Windows em frente à Casa Branca.

O Tux (mascote do Linux) tá feliz com minha mudança. Fonte: DALL-e.

Minha decisão de mudar do Windows para Linux

linux 22 de Fev de 2023

Desde 2019, quando comprei este notebook (um Acer Aspire 3), tenho usado o Windows. Vai atualização, vem raiva, não mudei. Foi uma mudança interessante de usar, já que meu sistema principal entre 2016 e 2019 foi o Fedora, quando meu notebook anterior queimou (tentei fazer uma gambiarra na entrada do carregador, usando cola quente 🫠).

Veja, a configuração do meu aparelho não é das piores:

  • Intel Core i5 8ª geração (comprado em 2019) 8250U
  • 12 GB de RAM DDR4, sendo 4 GB soldados na placa (quem acho que isso seria legal?)
  • 1  TB de HDD em SATA, para armazenamento de arquivos long-term
  • 500 GB de SSD NVMe

Retrospecto

Em 2020, como dito na carta aberta aos RHs, eu entrei na Digital House, e passei a usar o Windows de forma mais profissional. Inicialmente, era com a versão Home, mas depois, tive acesso à versão Educational, por conta do meu vínculo com a Estácio. A versão Educational é, basicamente, a mesma coisa que o Windows Professional.

Agora, estou trabalhando como desenvolvedor back-end na Namu, professor particular e quero fazer algumas brincadeiras com o Linux. Mesmo o Windows Subsystem for Linux (WSL) não tem suprido minhas necessidades, além de ser, a grosso modo, uma VM (que o Windows tem acesso, mas não o contrário).

Motivações

De forma resumida, posso dizer que o que me leva a mudar é:

  1. Atualizações em momentos inapropriados
  2. Travamentos em funções básicas do sistema
  3. Funcionamento do Docker dentro do WSL, se comportando como uma VM
  4. Ferramentas de desenvolvimento que são criadas primariamente para Linux
  5. BitLocker exclusivo para versão Pro

Atualizações em momentos inapropriados

Ninguém, em sã consciência, deixa de atualizar após ver a notificação de novo software, porque gosta ou quer correr risco de sofrer algum tipo de ataque ou invasão. Mas o Windows tem a mania intrusiva de me obrigar a atualizar no momento que ele quer. Geralmente, esse horário é segunda ou quarta, às 20h10m, quando eu to começando minhas aulas. Daí, o computador liga o cooler na velocidade máxima, começa a travar o VS Code e quase impossível de trabalhar. Então, vem a notificação de que o Windows estava atualizando e sem me avisar 🤡.

Você pode me falar: "mas Léo, bastaria você pausar as atualizações por X dias", ou então: "altera o horário ativo". Não é essa a questão. Meu problema é o sistema operacional atualizar, sem me avisar que isso vai acontecer, sem ter a chance de cancelar e nem a possibilidade de ser manual. Isso era assim até o Windows 8, quando o Windows Update funcionava relativamente bem. Eu tolerava bem. Mas se tornou inadmissível a forma como tem se conduzido nos tempos atuais.

E eu entendo a proposta, que é a de proteger as pessoas mais leigas de deixar o sistema desprotegido. Mas, então, que tivesse de volta a opção de fazer de forma manual.

Travamentos em funções básicas do sistema

Não foram poucas as vezes em que tentei abrir a calculadora (sim, a nativa do sistema) e demorou mais de 1 minuto pra abrir. Sim, eu tenho SSD. Sim, minha memória RAM é relativamente alta. Não, não tinha nada mais aberto.

Eu uso Windows há muitos anos, então eu sei os principais tweaks a serem feitos assim que o sistema é instalado em HD. Alguns deles, devem ser feitos em SSD também. E todos os ajustes e tunning disponíveis foram feitos. Nenhum serviço desnecessário inicia junto com o Windows. Nenhum programa na aba de Inicialização do Task Manager. Nenhuma tarefa do Agendador de Tarefas. Eu olho absolutamente TUDO antes de dizer que o sistema está pronto pra uso. Mas, aparentemente, isso não tem sido mais suficiente.

Funcionamento do Docker dentro do WSL, se comportando como uma VM

A ideia de usar Docker é justamente não ter uma VM. Porém, a construção dessa ferramenta exige o Linux, justamente para usar coisas do núcleo do Linux.

Antes do WSL2 do Windows 10, era necessário usar a versão Pro do Windows junto com o Hyper-V. Desde então, o WSL é usado como mecanismo do Docker. O que não mudou é que os recursos continuam encapsulados dentro do WSL que é, como dito acima, a grosso modo, uma VM.

Isso significa que as coisas ficam isoladas do lado de dentro e não é tão fácil de integrar ou buscar informações que estão dentro do sistema de arquivos do WSL.

Ferramentas de desenvolvimento que são criadas primariamente para Linux

NVM (Node Version Manager), Docker, Let's Encrypt, ZSH (e a personalização de Oh My ZSH)...

Isso sem contar que os ambientes de Cloud são, primariamente, em Linux. Sim, eu sei que são distros diferentes ou, mesmo aquelas que são personalizadas, ainda são Linux e o shell com todos (ou quase todos) os comandos parecidos

Bônus: quando falamos de reinstalação do sistema, é bom lembrar que o Windows não possui uma forma nativa de fazer isso rapidamente. O WinGet não é capaz de buscar e, mesmo com o Chocolatey como alternativa de gerenciador de pacotes, ainda assim é necessária uma primeira intervenção manual, para só depois reinsatalar e, enfim, poder ter algo parecido.

BitLocker exclusivo para versão Pro

Isso não é um White and Rich People Problem (até porque nem branco, nem rico, eu sou). É inacreditável que os usuários tenham que pagar para ativar um recurso de segurança e criptografia.

E por que não é um problema exclusivo de gente branca? Bem, imagine comigo a seguinte situação: você está voltando do trabalho e, na sua mochila, está seu notebook. De repente, você é roubado e seu Windows não é a versão Pro, portando, você não tem BitLocker, nem criptografia no disco. Num primeiro momento, você fica desesperada com o equipamento e o valor que se perdeu. Passado algum tempo, você percebe que algo ainda mais valioso pode ser acessado: os dados do disco.

Planilhas financeiras, códigos de programação, senhas, conversas, e-mails... Tudo que puder ser acessado, pode ser acessado e usado para obter vantagem.

O que quero dizer com isso? Criptografia nativa do disco não deveria ser um recurso especial e sim algo disponível para todos. Esse nível de segurança não é algo especial, engenharia de foguete. Não deveria estar disponível somente para quem pode pagar mais de R$ 700 (sim, para ter Windows Pro original, esse é o custo).

Pontos controvertidos

Nem tudo são flores. Tem coisas que precisarão de adaptação para uso mais fluido.

Talvez o primeiro ponto seja, realmente, a interface, atalhos e comandos de terminal, que já estou acostumado após tantos anos de uso.

Outra coisa é usar o horrível horroroso terrível bugado péssimo pesado lerdo mal-feito WhatsApp Web ao invés do nativo, o que me deixa com menos opções para atender as chamadas de vídeo da minha namorada.

O Office, assim como o OneDrive, uso na versão paga. O OneDrive tem clientes alternativos, já o Office posso usar a versão web sem problemas. Nunca consegui me adaptar ao Libre Office.

O ponto de maior atenção aqui é em relação ao iCloud e iTunes, que tem versões somente para Windows 10 e 11 e macOS. Também, devo ficar de olho em antivírus, visto que uso o Windows Defender (que é MUITO bom, por sinal) e não tive tempo, ainda, para pesquisar alternativas, pagas ou gratuitas, para Linux.

E o principal sofrimento: não terei o clássico jogo de paciência da Microsoft (igual à versão do celular e da Microsoft App Store).

Conclusão

Ainda não decidi qual a distro, nem qual desktop usar. Provavelmente, será alguma baseada em Ubuntu (que, por sua vez, é baseada no Debian).

Essa mudança não acontecerá essa semana, visto que tenho outras coisas pessoais pra resolver antes que essa migração possa acontecer.

De todo modo, essa migração acontecerá aqui, de forma documentada, para que todos possam ver e decidir, por si só, se são coisas que valem a pena de serem feitas. No meu caso, sim.

Essa série de posts começa com essa explicação detalhada dos prós e contras. Os próximos passos serão ainda mais chatos divertidos.

Comente abaixo o que você achou disso e se tem algo a complementar sobre esse tipo de migração.

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Léo

Léo Carvalho é desenvolvedor back-end (app Namu), professor de programação (Node.js) e falador de abobrinha. Cristão, tem 27 anos, é graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela Estácio.